Padroeira de toda a América, Nossa Senhora de Guadalupe tem sua festa litúrgica celebrada pela Igreja Católica nesta quarta-feira,12 de dezembro. É uma data especial para todo o povo das Américas, e especialmente para o povo mexicano, que celebra a festa de sua padroeira.
O Papa João Paulo II, durante viagem ao México em 1979, consagrou a América Latina a Nossa Senhora de Guadalupe; por isso, ela também é considerada a ‘Padroeira da América Latina’.
A aparição que aconteceu em 1531, a um indígena, é fortemente vivenciada pelos devotos, que depositam na Mãe, mestiça e de rosto moreno, a sua esperança e fé.
A imagem de Nossa Senhora de Guadalupe estampada no manto do índio que foi canonizado santo, São Juan Diego, é um desafio para a ciência, porque não apresenta sinais de deteriorização mesmo depois de 481 anos.
Aparição de Maria a São Juan Diego, na colina de Tepeyac (México, 1531)
Em 9 de dezembro de 1531, uma menina mestiça jovem com roupas tão brilhantes como o sol apareceu na colina de Tepeyac para o recém-batizado Juan Diego. Revelando-se como a Virgem Maria, ela pediu-lhe para pedir ao bispo para construir uma igreja naquele local. Ao ouvir o pedido de Juan Diego, Bispo Zumárraga tornou-se cético e pediu-lhe um sinal.
Em 12 de dezembro, mostrando-se a Juan Diego para a última hora, Maria enviou para colher flores no cume rochoso de Tepeyac - um feito que é notável devido tanto a altitude do lugar, bem como a época do ano. Juan Diego encheu a suatilma (um manto tecido de fibras de cacto) com as rosas mais bonitas que ele já viu, e seguiu para a residência do Bispo. Quando ele veio antes do Bispo, Juan Diego desfraldou sua tilma, revelando uma imagem extraordinária de Nossa Senhora impressa no tecido.
Em 26 de dezembro houve outro fenômeno milagroso: durante a procissão que levou a imagem para a nova capela de Tepeyac, uma dançarina indígena que tinha sido acidentalmente morta por uma flecha foi colocada no pé da tilma, e ela voltou à vida .
A simbologia presente no milagroso manto de Nossa Senhora de Guadalupe
Muitos especialistas concordam em afirmar que Nossa Senhora de Guadalupe, imagem no manto de Juan Diego, era um código perfeitamente inteligível na cosmovisão indígena.
Entre os símbolos se destacam:
O rosto jovem, moreno e mestiço e em atitude de profunda oração;
Os cabelos soltos, que para os astecas simboliza a pureza virginal. As mãos recolhidas em oração;
Uma mão mais branca do que a outra, que pode significar a união das raças;
Um pequeno broche, no pescoço, como é tradicional nas estátuas dos deuses, símbolo de beleza e riqueza para os índios;
Localizado acima do ventre, um cinto negro, símbolo asteca de maternidade, apresenta Nossa Senhora, grávida de Jesus;
Sua túnica de cor avermelhada, identifica-se com o entardecer, que é a cor de ‘Tonatiuh’ e ‘Yestlaquenqui’, nomes do deus sol. Nele há uma pequena flor de quatro pétalas e outro botão semi-aberto, que lembra o monte Tepeyac, onde era comum o florescimento de flores silvestres;
A flor de quatro pétalas, chamada ‘Nahui Ollin’, na antiga cultura asteca, representa a presença de Deus, centro do espaço e do tempo. Sua posição sobre o ventre é o principal símbolo da imagem e confirma ao povo indígena que Ela é a Mãe de Deus;
A imagem da Virgem pisando sobre a lua crescente, simboliza que Maria está esmagando um deus não verdadeiro. Seus pés, colocados no centro da Lua (etimologicamente, "México" significa o "umbigo da lua"), indica onde o Deus Supremo que ela carrega quer residir;
A cor azul turquesa do manto é uma cor sagrada para os ‘nahua’, uma cor utilizada pelos nobres e príncipes, um sinal da realeza;
Sobre o manto, aparecem estrelas brilhantes das principais constelações. O que se vê sobre o manto da Virgem é a reprodução do céu do dia 12 de dezembro, solstício do inverno de 1531. Para os índios, o solstício de inverno era considerado o dia mais importante do calendário religioso;
Raios dourados rodeiam a imagem, que significam que Maria está vestida de sol, grávida da Luz do mundo e do Sol da justiça.
Em todo o manto há a refração da luz nas cores e a luminosidade do rosto, das mãos, da túnica e do manto todo se modificam. O que pode ser percebido nas penas de pássaros e borboletas. Esse efeito não é um efeito que possa ser feito por técnicas humanas. A descoloração que ocorreria normalmente em um tecido de fibra vegetal e frágil, como é o do manto, continua sendo um desafio para cientistas e estudiosos — o que comprova que a pintura é um milagre que só pode ser compreendido pela ótica divina.
Graças à imagem que deixou no manto de Juan Diego, Nossa Senhora de Guadalupe deu origem a uma conversão em massa dos índios. Sua basílica é, atualmente, o santuário mais visitado católico do mundo, depois da Basílica de São Pedro, em Roma.
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