Nesta terça-feira, 19 de março, o Papa Francisco presidiu a missa de inauguração do seu pontificado, durante a solenidade de São José, na Praça São Pedro, no Vaticano. Cerca de 150 mil pessoas — dentre as quais o Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, a presidenta do Brasil, Dilma Roussef, e mais de 80 líderes de estado —estiveram presentes e participaram da liturgia pela qual “a Igreja atesta que este ministério [petrino] é, antes de tudo, um dom que Deus faz à sua Igreja” (Departamento para as celebrações litúrgicas do Sumo Pontífice).
Desta vez, a imposição do Pálio e a entrega do anel de pescador foram realizadas antes da Missa, para — conforme explicou em entrevista ao jornal L’osevatório Romano, o mestre das celebrações litúrgicas pontifícias, monsenhor Guido Marini — “distinguir melhor a celebração da Santa Missa de outros ritos que não são próprios”, já que em 2005, um dia depois de ser eleito, o Papa Bento XVI fez algumas alterações nos ritos litúrgicos de início de um pontificado ao aprovar o documento Ordo Rituum pro Ministerii Petrini Initio Romæ Episcopi .
Imposição do pálio e do anel do pescador
Ao receber a imposição do pálio, que feito de lã pura representa o Bom Pastor que leva a ovelha desgarrada em seus ombros, o Santo Padre também recebeu os três grampos que simbolizam os cravos que prenderam Jesus à cruz. O significado profundo do pálio está fundamentado nas palavras de Jesus a Pedro: “Apascenta minhas ovelhas” (Jo21,15)
Após um momento de oração, o Pontífice recebeu o Anel do Pescador, feito de prata a pedido dele, para simbolizar a missão de Jesus confiada a Pedro: “Serás pescador de homens” (Lc 5,1ss). Em seguida, os cardeais de Roma fizeram o ato de obediência ao Papa, em nome de todos os cardeais.
"A vocação de guardião é a de guardar a criação inteira"
Durante a missa, na qual as leituras foram proclamadas em diferentes idiomas, Papa Francisco lembrou a missão de São José — chamado por Deus para zelar pela vida de Maria e de Jesus —, que é estendida à Igreja:
— São José, assim como cuidou com amor de Maria e se dedicou com empenho jubiloso à educação de Jesus Cristo, assim também guarda e protege o Seu Corpo Místico: a Igreja, da qual a Virgem Santíssima é figura e modelo. Como realiza José esta guarda? Com discrição, com humildade, no silêncio, mas com uma presença constante e uma fidelidade total, mesmo quando não consegue entender.
Papa Francisco destacou que à vocação de Deus se responde com generosidade e gratidão e explicou que a missão de guardião está relacionada à dimensão humana do cuidado com toda a criação, citando também São Francisco de Assis:
— A vocação de guardião não diz respeito apenas a nós, cristãos, mas tem uma dimensão antecedente, que é simplesmente humana e diz respeito a todos: é a de guardar a criação inteira, a beleza da criação, como se diz no livro de Gênesis e nos mostrou São Francisco de Assis: é ter respeito por toda a criatura de Deus e pelo ambiente onde vivemos. É guardar as pessoas, cuidar carinhosamente de todas elas e cada uma, especialmente das crianças, dos idosos, daqueles que são mais frágeis e que muitas vezes estão na periferia do nosso coração. É cuidar uns dos outros na família: os esposos guardam-se reciprocamente, depois, como pais, cuidam dos filhos, e, com o passar do tempo, os próprios filhos tornam-se guardiões dos pais. É viver com sinceridade as amizades, que são um mútuo guardar-se na intimidade, no respeito e no bem.
De acordo com o Santo Padre, ser “guardiões dos dons de Deus” é preciso porque “fundamentalmente tudo está confiado à guarda do homem, e é uma responsabilidade que nos diz respeito a todos”.
Papa Francisco se dirigiu especialmente aos governantes, para lembrar-lhes seu compromisso e missão social:
— Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo!
E exortou:
— Não devemos ter medo da bondade, da ternura!. (...) Guardar a criação, cada homem e cada mulher, com um olhar de ternura e amor, é abrir o horizonte da esperança, é abrir um rasgo de luz no meio de tantas nuvens, é levar o calor da esperança!
Ao término da homilia, o Santo Padre lembrou o foco da sua missão e pediu, mais uma vez, a oração dos fiéis pelo seu ministério petrino:
— Guardar Jesus com Maria, guardar a criação inteira, guardar toda a pessoa, especialmente a mais pobre, guardarmo-nos a nós mesmos: eis um serviço que o Bispo de Roma está chamado a cumprir, mas para o qual todos nós estamos chamados, fazendo resplandecer a estrela da esperança: Guardemos com amor aquilo que Deus nos deu! Peço a intercessão da Virgem Maria, de São José, de São Pedro e São Paulo, de São Francisco, para que o Espírito Santo acompanhe o meu ministério, e, a todos vós, digo: rezai por mim!
Finalizando a Celebração Eucarística, foi entoado o canto do Te Deum e o Santo Padre seguiu para o interior da Basílica Vaticana para um encontro de cumprimentos aos representantes de estado presentes à Missa.
* Fotos: Rádio Vaticano
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